Areal Nocturno

Prostrado nos degraus do deserto escuro,
Lento fito o crude oceânico.
Fito o céu mesclado de azul preto,
Cravado de figurinhas cintilantes.
Na nudez das patas;
Sinto o frio da areia milenar,
E do pó morno que lhe alisa a pele.
O vento sul,
Outrora quente e acolhedor,
Deu a volta de mansinho;
Agora fustiga-me a carne,
Gelando-me a alma.
As cores vivas, negras são,
E vivo só mesmo o respirar:
Compassado, forçado, fugaz…
Depois da noite cruel,
Não vem o belo dia.
Esse, há muito que vestiu a pele do lobo,
E, quer de dia quer de noite,
Caça a inocência a seu belo prazer.
Sem prazer, recolho os ossos ao leito.
Onde a mente,
Cava a sepultura do sono;
Quase, quase eterno…


Sem comentários: